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Urbanização e estrutura produtiva nas 15 maiores economias

Quando se compara os graus de urbanização dos países do G15 (quinze maiores economias, inclusive União Europeia), em 2011 (último ano disponível para todos os países), o que “salta aos olhos” é ainda a grande predominância da população rural na Índia: 31,4%.

No Brasil, este percentual foi registrado pelo Censo de 1940. A população urbana ultrapassou a população rural na China (50,5%) em 2010. Por sua dimensão, foi um fenômeno mundial. O Censo de 1970 registrou essa ultrapassagem no Brasil: 55,9% contra 44,7% em 1960.

Hoje, com 84,6% de sua população habitando cidades, o País tem 55% dela morando em cidades com mais de 100.000 habitantes.

Entre os 5.565 municípios existentes, em 1o. de agosto de 2010, 5.282 tinham no máximo 100.000 habitantes, sendo que 2.515 até 10.000 e 2.443 de 10.001 até 50.000. Eram 283 municípios com populações superior a 100.000 habitantes.

China e Índia possuem 2,5 bilhões habitantes, representando mais de 1/3 dos 7 bilhões de habitantes do Planeta Terra. Não só seus menores graus de urbanização se diferenciam dos demais países do G15, como também verifica-se uma correlação particular entre sua estrutura produtiva e a ocupacional.

A China possui 10% de sua renda gerada na agricultura, setor produtivo que ocupa 33,6% de sua população. Esses percentuais na Índia são, respectivamente, 17,4% e 49%!

Os países que possuem essas participações um pouco maiores do que os demais são justamente os outros grandes países emergentes: Brasil (5,5% de valor agregado e 15,7% de ocupação rural), Rússia (4,2% e 9,7%, respectivamente), México (3,6% e 13,4%).

Pode-se deduzir daí o baixo grau de produtividade da população rural, porém não se deve generalizar para todo o campo de atividades. Por exemplo, a agricultura de exportação brasileira tem alta produtividade em contraste com a baixa produtividade da agricultura familiar produtora de alimentos para o mercado interno.

Os países de “capitalismo avançado” têm, relativamente, baixíssimo valor agregado e pouca gente ocupada na agricultura: EUA, 1,1% e 0,7%, respectivamente; UE,  1,8% e 5,2%; Japão, 1,1% e 3,9%; Alemanha, 0,8% e 1,6%; Inglaterra, 0,7% e 1,4%; França, 1,9% e 2,9%; Itália, 2% e 3,9%; Coreia do Sul, 2,6% e 6,9%; Canadá, 1,7% e 2%, Espanha, 3,1% e 4,2%.

Desconsiderando os casos da Índia e da China, os graus de urbanização dos demais emergentes são elevados: Brasil, 84,6%; México, 78,1%; Rússia, 73,8%.

Eles se dividem em dois agrupamentos nítidos: entre os 68,4% da Itália e os 79,6% da Inglaterra estão a Alemanha (73,9%) e a Espanha (77,4%). Todos os outros do G15 estão na faixa superior aos 80,7% do Canadá: Estados Unidos, 82,4%; Coreia do Sul, 83,2%; França, 85,8%; e Japão, o país mais urbanizado, com 91,3%.

Portanto, a população brasileira se situa entre as mais urbanas das maiores economias.

Interessante é correlacionar esse ranking de graus de urbanização com os serviços predominantemente urbanos, tanto em termos de valor agregado pelo chamado “setor terciário”, quanto pelo percentual da população ocupada com a produção direta de serviços junto aos consumidores.


Analisando o Quadro acima com os diversos rankings das quinze maiores economias, percebe-se uma maior correlação entre os graus de urbanização de cada qual e as participações tanto no valor agregado quanto nas ocupações de serviços.

Os “sete países mais industriais”, em termos de geração de renda – China, Coreia do Sul, Rússia, México, Alemanha, Canadá, Brasil –, constituem praticamente o mesmo conjunto dos que menos dependem de agregação de valor em serviços, exceto a Índia, ainda muito rural.

Entretanto, é surpreendente – e chocante – a baixa participação da indústria brasileira em oferta de empregos (13,3%) face à ocupação em serviços (71%) e mesmo em agricultura (15,7%).

A hipótese explicativa relaciona-se à “desindustrialização” quanto à indústria de transformação, porém com substituição de seu valor agregado pelos da indústria extrativa (mineral com Vale e petróleo com Petrobras), da indústria de construção e dos serviços de utilidade pública (como Energia Elétrica).

A indústria geral pouco alterou sua contribuição percentual ao valor agregado anualmente. Porém, a indústria de transformação oferece proporcionalmente mais empregos do que essas outras.

Embora a força de trabalho brasileira dependa muito dos empregos gerados em serviços urbanos, no ranking das quinze maiores economias, nesse quesito, a do Brasil se coloca em posição intermediária (8a.), aliás a mesma do seu PIB por Paridade do Poder de Compra.

Como vimos, as participações da agricultura no Brasil, assim como nos outros países emergentes do BRIC e no México, seja em valor agregado, seja em ocupação, ainda é o maior diferencial em relação às economias dos países de “capitalismo maduro”.

Na realidade, as maiores características dos países emergentes estão em suas agriculturas e indústrias. As economias europeias e norte-americanas se destacam agora em serviços. O Brasil está no limiar de entrar nesse agrupamento com a elevação de suas participações nessas atividades urbanas.

Não é mais um país de industrialização nascente. Sua população já emigrou do campo para as cidades. Talvez por isso esteja em uma “crise de meia-idade”, isto é, uma crise de desenvolvimento psicológico, quando se tem de decidir que rumo tomar, crescer menos, porém com estabilidade… Devagar e sempre…

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