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Foto do escritorBrasil Debate

Sampaoli quebra paradigmas também sobre o viver nas cidades

O técnico do Santos Futebol Clube, o argentino Jorge Sampaoli, tem sido notícia pela forma com que tem feito o seu time jogar. E tem se destacado também pela vida que está levando na cidade do alvinegro praiano, Santos.

Assim que iniciou o trabalho na Vila Belmiro, fez o clube santista resgatar seu DNA ofensivo. O Santos não chegou ao título paulista, no entanto apresentou futebol bonito de ser ver. Tem sido assim também neste início de Brasileirão e na Copa do Brasil.

Mas o que nos interessa discutir aqui não é o mérito esportivo de Jorge Sampaoli.

O motivo da prosa neste espaço é refletir como o estilo de vida do treinador argentino em Santos quebra paradigmas sobre o viver nas cidades. É por isso que tem chamado a atenção da imprensa, tem viralizado nas redes sociais digitais.

Sampaoli faz campanha em Santos para liberar a praia aos cachorros (foto: Divulgação)

Sampaoli está morando em Santos desde janeiro. Logo nas primeiras semanas, foi visto se entrosando com o pessoal que frequenta a praia para uma pelada, para futvôlei. Enturmou-se. Virou notícia.

Por quê?

Será porque consideramos que o “normal” seria encontrar Sampaoli nas cavernas que são os shoppings centers?

Tempos depois, o técnico foi destaque na crônica esportiva por abrir os portões do Centro de Treinamento Rei Pelé a garotos que costumavam subir em árvores para conseguir ver os jogadores de perto. O CT do Santos está num bairro residencial, popular, o Jabaquara. É todo cercado por muros de mais de dois metros de altura. Isola-se da comunidade, em vez de abraçá-la.

O gesto de Sampaoli nos sugere isto: está na hora de derrubarmos as cercas que nos segregam nas cidades. Afastam-nos. Impõem barreiras. Desnecessárias, porém naturalizadas. Tanto que, quando alguém resolve infringir a lógica, surpreende. Vai parar nas manchetes.

Passaram-se algumas semanas e de novo Sampaoli apareceu no noticiário por razões além das futebolísticas. Veiculou-se, com vídeos feitos por ciclistas que encontraram o argentino pelo caminho, que o técnico vai trabalhar de bicicleta. Contrariando a lógica de ostentação que marca o futebol – o carro é símbolo de sucesso e status -, Jorge Sampaoli tem como meio de locomoção uma magrela básica.

Ora, o que há de surreal nisso se não apenas o culto ao automóvel sendo ignorado pelo comandante do time de Vila Belmiro? Se mais cidadãos em Santos, em São Paulo, no Rio, em Curitiba, em Belo Horizonte, em Recife, onde quer que seja seguissem o exemplo de Sampaoli – deixando o carro em casa e utilizando modais sustentáveis – teríamos uma vida urbana de muito mais qualidade.

Na estreia do Peixe no Brasileirão, outra vez o Sampaoli fora da cancha chamou a atenção. A notícia dava conta de que o novato caiçara se juntou a um grupo que defende o fim da proibição de cachorros na areia da praia. Não carece de entrarmos no mérito da causa. O que é salutar é a atitude de cidadania. Será que não nos falta participar mais da vida nas nossas cidades? O inusitado protagonizado por Sampaoli não deveria ser o corriqueiro?

Agora, o repórter Lucas Musetti Perazolli, da Gazeta Esportiva, nos revela que na juventude Jorge Sampaoli foi militante do peronismo, contra a ditadura na Argentina. E que hoje se posiciona contra o governo neoliberal de Maurício Macri. Por tabela, “não aprova”, como diz o texto de Lucas Musetti na Gazeta Esportiva, o governo de Jair Bolsonaro no Brasil.

Este articulista que lhes escreve é santista – portanto torce para que Sampaoli dê certo no Peixe. Todavia, e respaldado pela opinião e admiração de torcedores de clubes rivais, considera que o técnico argentino dá outras contribuições importantes também. Em outros campos muito além do futebol.

Crédito da foto da página inicial: Ivan Storti/Santo FC

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