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Rumo ao etanol 2G, o etanol de segunda geração

Produzir etanol de forma eficiente será crucial para as usinas do setor sucroenergético se manterem competitivas. Uma nova forma de produção começa a ganhar força: a baseada em inovações radicais e tecnologia, especialmente com o etanol de segunda geração (2G).

Esse deslocamento no padrão industrial de competitividade relaciona-se fortemente aos avanços científicos da área e todas as atenções do setor brasileiro de pesquisa, ciência e tecnologia em bioenergia estão voltadas para o etanol 2G.

Esse biocombustível, fabricado por meio do bagaço e da palha da cana, além de maximizar a produção, acabou de ser avaliado pelo Conselho de Qualidade do Ar da Califórnia (Carb), e considerado dez vezes mais “limpo” do que o etanol de cana convencional produzido no Brasil.

Nem mesmo a crise recente no setor, que resultou no fechamento de usinas, foi capaz de desanimar os investidores e o financiamento é farto: para se ter uma ideia, são quase R$ 3 bilhões para projetos de etanol avançado, com apoio de peso do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com R$ 2,4 bilhões em recursos para o setor, em conjunto com o Plano de Apoio a Inovação Tecnológica Industrial dos Setores Sucroenergético e Sucroquímico (PAIIS) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) também tem papel de destaque no desenvolvimento de tecnologia: por meio do Programa Bioen, que já implementou mais de R$ 60 milhões em projetos de bioenergia, principalmente em etanol avançado de cana-de-açúcar, além de fomentar um programa temático de doutoramento integrado na área, envolvendo três universidades paulistas: USP, Unicamp e Unesp.

Toda expectativa se justifica. Afinal, se a empreitada der tão certo como apostam seus investidores, o Brasil estará bem mais perto de encontrar uma solução para o impasse que se encontra na área do etanol.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a participação de fontes renováveis na demanda da matriz energética brasileira é estimada em 42,4% em 2012, com 15,4% proveniente de cana-de-açúcar como matéria-prima.

Para 2021, a demanda deve chegar a 21,2%. Atualmente, o Brasil produz cerca de 671 milhões de toneladas de cana em média por safra, e a EPE estima que precisará produzir 1,1 bilhão de toneladas em 2021.


tabela energia por fonte

Para atender à demanda, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), seriam necessárias 100 novas unidades em pleno vapor de produção e investimentos de pelo menos R$ 71 bilhões. No entanto, com o investimento em etanol 2G, seria possível ampliar enormemente a produção de etanol sem aumentar na mesma proporção as áreas agricultáveis.

Com a biotecnologia moderna, o etanol brasileiro encontra força para reestruturar o setor. Isso porque o etanol 2G significa o aproveitamento total da biomassa, ou seja, a transformação do bagaço e da palha em etanol.

Por meio de processos bioquímicos/biofísicos que degradam a celulose contida na biomassa, é possível obter etanol com as mesmas características do seu antecessor de 1ª geração. O diferencial dessa tecnologia permite um aumento na produção de até 40% sem a necessidade de ampliar a área plantada com canavial.

Fato é que a comercialização está bem mais perto do que o mercado imagina. A primeira experiência comercial brasileira deve vir da GranBio, empresa de biotecnologia criada em 2011 pela família Gradim, que opera a primeira planta comercial em São Miguel dos Campos (AL).

A perspectiva da empresa, a partir do próximo ano, é ofertar 82 milhões de litros anuais de etanol 2G com preço equivalente ao de 1ª geração. A empresa é otimista, em seu plano de negócios prevê investimentos da ordem de R$ 4 bilhões até 2020.

Outras empresas conduzem seus projetos em etanol 2G, como a Petrobras biocombustível (Pbio) por meio do seu centro de pesquisa (Cenpes) e prevê a etapa comercial para 2015; a Raízen, que já instalou sua planta 2G em Piracicaba (SP).

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) prevê comercialização para 2016 com planta de etanol 2G com quase 100% de domínio nacional. Se o CTC alcançar seu objetivo, será uma conquista importantíssima de demonstração da capacidade brasileira.

Primeiro porque a inovação radical não é fácil, depende de arranjos complexos que envolvem conhecimento multidisciplinar capaz de transformar o conhecimento gerado em produto. Segundo porque o etanol 2G de tecnologia nacional reduzirá significativamente o custo do produto final, até então uma das grandes preocupações do setor.

O desafio por parte do Estado brasileiro é de definir uma política de longo prazo da participação do etanol 2G na matriz energética e criar possibilidades à adoção de nova tecnologia, o que evitaria estrangulamentos.

É inegável o feito brasileiro em fontes renováveis de energia, porém, sem o fortalecimento das agências que regulam os biocombustíveis, será impossível implementar os instrumentos de mercado capazes de articular a tecnologia dos biocombustíveis para proveito do próprio País. O importante é que o Brasil aproveite as atuais condições favoráveis.

Crédito da foto da página inicial: Jornal GGN

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