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Relações público-privadas na pesquisa e ensino superior

A fim de acelerar a produção científica no País, observa-se desde os anos 1990 um conjunto de políticas, programas, ações e mecanismos legais para promover a interação universidade-empresa e incentivar a inovação, a pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.

Essas iniciativas, porém, trazem uma preocupação sobre como as exigências do sistema produtivo e das agências de avaliação e fomento afetam a natureza e caráter da produção do conhecimento.

Desde a segunda metade dos anos 1990, o Brasil vem intensificando o crescimento da graduação, da pós-graduação, da pesquisa e da produção do conhecimento científico, com forte predominância do setor privado na oferta dos cursos de graduação.

Dados do INEP mostram que em 2010 as matrículas em graduações presenciais em instituições privadas somavam 3.987.424 (73% do total de matrículas daquele ano) e nas instituições públicas 1.461.696 (27% do total).

Segundo estudo da Hoper, o setor da educação superior privada conta com 2.081 Instituições de Ensino Superior (IES) pertencentes a pouco mais de 1.400 empresas, que dividem quase 5,1 milhões de alunos (somando o ensino a distância) e até 2016 o setor estará dominado por 11 grupos educacionais e vai concentrar 50% dos alunos matriculados.

O setor, de acordo com esse estudo, apresentaria crescente concentração e um grupo de 13 grandes conglomerados reuniria 1,8 milhão de estudantes, 37,6% do total de estudantes de IES particulares e cerca de 28% do total de alunos do ensino superior de todo o País.

Aponta-se que se reduzem os riscos do investimento na educação com a parceria com o Fies ou Prouni.


tabela faturamento faculdades privadas

Por outro lado, prevalece a oferta pública de mestrados e doutorados. Aponta-se o decréscimo no número de docentes vinculados a programas de pós-graduação: de 2000 a 2010, o número de docentes passou de 69.665 para 60.039, redução de 13,82%.

Essa redução face ao aumento dos indicadores de produtividade tende a indicar um processo de intensificação de trabalho.

A produção científica nacional também teve um crescimento médio anual nos últimos 28 anos de 10,5%, três vezes a média mundial, o número de artigos em periódicos internacionais cresceu 143,54%, enquanto o total de livros e capítulos de livros aumentou 117,07%.

Assim, é importante refletir sobre o crescimento do ensino superior, da pós-graduação e da produção científica no Brasil em geral, pois, se por um lado é positiva a expansão da educação no País, por outro colocam-se os interesses de grandes grupos ou empresas privadas no País e há grande pressão por aumento da produtividade e intensificação da jornada de trabalho docente.

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