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Reeleger Dilma para mudar

As dúvidas sobre a necessidade ou não de apresentar novas medidas e aprofundar o programa de governo Dilma na área econômica têm suscitado discussões em várias áreas que apoiam o governo e desejam reeleger Dilma.

A afirmação de que o segundo mandato Dilma será “muito melhor”, assim como foi o segundo mandato Lula, é boa. Mas ela sofre da mesma generalidade do “novo” das candidaturas oposicionistas. Vamos reeleger Dilma para melhorar o quê na área econômica?

Esta área se transformou no principal campo de batalha da presente eleição e as pessoas querem saber o que vai mudar. Vamos permitir que o Brasil continue sendo dominado pelos grandes grupos econômicos e financeiros que praticam altos preços administrados?

Em outras palavras, que mudanças serão implantadas para elevar substancialmente a oferta de alimentos e de bens de consumo corrente, ou não-duráveis, como uma das principais formas de manter os preços baixos e evitar a famosa inflação de demanda?

Ânsia repressiva

O que vamos fazer para dar um salto ainda mais efetivo na geração de empregos e na qualificação da enorme massa de excluídos analfabetos ou semialfabetizados e sem qualificação profissional? Essa massa mal aparece nas estatísticas, mas pulula nas primeiras páginas dos jornais impressos e televisivos através de roubos, assaltos, crimes, drogas etc etc, realimentando a ânsia repressiva da mídia e de vários setores sociais que se sentem atingidos pela insegurança.

O que vamos fazer para reverter o processo inercial de declínio da indústria, que já dura mais de 30 anos, e que não conseguimos reverter nos 12 anos de governos dirigidos pelo PT? Vamos continuar nos contentando em apelar aos empresários para investirem, quando eles acham que é mais vantajoso aplicar no sistema financeiro?

Dificilmente teremos condições de disputar os votos que tendem a sufragar a mentira do “novo” se não apresentarmos com franqueza a as mudanças que pretendemos realizar. Quem prestar atenção nas promessas de “nova gestão”, “nova política econômica de crescimento”, “não desistirmos do Brasil” e outras generalidades em voga pode fazer uma analogia com o “novo” e outras promessas estelionatárias de 1989. Como naquela época, elas são enganosas e perigosas.

As mudanças

Portanto, não é fora de propósito apresentar as mudanças econômicas a serem implementadas para que o segundo mandato Dilma seja melhor do que o primeiro.

Mesmo porque tais mudanças terão que ser estruturais, capazes de livrar a economia da camisa de força a que está submetida. O que nos coloca diante de problemas políticos de monta. Mudanças estruturais na economia só poderão ser efetivadas se houver uma força social e política consistente que as apoie.

Ou seja, a vitória de Dilma na presente disputa eleitoral não pode ser micha, insuficiente, apertada. Uma vitória desse tipo é o mesmo que uma derrota. Invalida qualquer possibilidade de mudanças para melhor no segundo mandato, tanto sociais e políticas quanto econômicas.

Sem força social e política potente e mobilizada, o governo não terá sustentação para realizar reformas de qualquer tipo, sequer tópicas. Não conseguirá aumentar o papel do Estado na economia e na sociedade, questão básica para resolver pelo menos alguns dos problemas trazidos à tona pelas manifestações de junho de 2013.

Não conseguirá resistir à pressão da burguesia e impedir que as desonerações tributárias continuem voltadas para engordar os oligopólios, ao invés das pequenas e médias empresas intensivas em trabalho.

Melhor e mais reformista

Ou seja, no contexto internacional em que o Brasil está inserido, o segundo governo Dilma só poderá ser melhor e mais reformista se contar com uma força social e política que dê sustentação às mudanças estruturais que o Brasil precisa para se desenvolver.

E tal força só será criada e mobilizada se a campanha Dilma for além da defesa das políticas de emprego, elevação dos salários, programas de transferência de renda, obras e infraestruturas, SUS, programas educacionais, sucesso da Copa, e outras realizações dos governos dirigidos pelo PT nestes 12 anos.

Precisará se comprometer tanto com a continuidade dessas políticas, quanto com a sua ampliação quantitativa e qualitativa. Não deve ter medo de dizer que, apesar do tudo que foi feito, ainda não está satisfeita por ter feito só isso, embora tenha sido muito.

Ainda há muito mais a fazer para consertar a devastação econômica e social promovida pelos governos anteriores e para tornar o Brasil um país avançado e desenvolvido.

Aumentar a participação democrática

Portanto, precisa se comprometer, também com firmeza e vigor, em voz alta para todo mundo ouvir, que está disposta a lutar, juntamente com os pobres, os trabalhadores, os remediados, as classes médias, e setores empresariais, para tornar realidade o que as manifestações de junho de 2013 exigiram.

Isto é, aumentar a participação democrática e retomar o papel do Estado para implantar uma política  de desenvolvimento industrial e programas de investimentos em mais transportes públicos, mais saúde pública, mais médicos, mais educação pública, mais saneamento, e mais moradias.

Manter as desonerações tributárias para os pequenos produtores agrícolas de alimentos e para os pequenos e médios produtores de bens industriais de consumo corrente. E realizar uma reforma tributária que leve os mais ricos a pagarem mais do que os trabalhadores.

O PT, por sua vez, não deveria temer um compromisso público, firme e vigoroso, em voz alta para todos ouvirem, de rever seus procedimentos e sistema de organização. Para quê? Para retomar seu caráter diferente dos demais partidos, com amplo espaço democrático de participação de sua militância, e de combate aos desvios de corrupção interna com tanto ou mais vigor do que o combate à corrupção externa.

Essas são as armas que podem municiar os militantes para disputarem o voto e o apoio, tanto de camadas populares desiludidas com a política e os políticos, quando dos setores médios insatisfeitos.

E que podem ajudá-los a conquistar o voto dos empresários cujo “pessimismo” está relacionado tanto com a pressão das frações corporativas e financeiras, que hegemonizam sua classe e querem liquidar o PT e suas experiências de governo, quanto com a ausência de políticas claras de investimento e desenvolvimento industrial.

Portanto, há muitos motivos para reeleger Dilma. Mas é preciso explicitá-los com vigor, em especial as mudanças para melhor.

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