A economia brasileira apresenta certa dificuldade para retomar o crescimento do PIB. O cenário atual é fértil para interpretações que atribuem o baixo crescimento recente às políticas macroeconômicas internas.
Entretanto, a recuperação da atividade econômica global após a crise tem sido bastante lenta e instável, o que impõe diversas dificuldades à qualquer economia particular. O caso brasileiro não é diferente.
Como pode ser visto no gráfico 1, no acumulado de 12 meses, as exportações de todos os países, somadas, decresceram 0,4% até junho de 2014. Ao longo do período de bonança, de 2004-2008, o crescimento das exportações mundiais girava em torno de 15% ao ano.
A desaceleração da economia global também possui implicações importantes. O resultante excesso de capacidade produtiva nas cadeias globais potencializa a competição pelos mercados, o que afeta, sem dúvida, a economia brasileira.
Um exemplo contundente vem da indústria siderúrgica. Segundo o Instituto Aço Brasil (IABr), em reportagem do Brasil Econômico, há cerca de 25% de capacidade ociosa indústria siderúrgica mundial.
Diante do baixo custo do aço produzido na China, a importação de aço pelo Brasil tem crescido acima da produção interna. O resultado é que a indústria siderúrgica brasileira opera com 73% da capacidade, abaixo da média mundial. Antes da crise esse cenário era diferente.
Além da morosidade na recuperação da atividade econômica global, há uma deterioração mais acentuada de parceiros comerciais importantes, particularmente naqueles que adquirem maior quantidade de bens manufaturados.
Conforme pode ser observado no Gráfico 2, que mostra o crescimento do PIB nos principais destinos de exportações de manufaturados do Brasil, o patamar do crescimento desses países só é maior do que o auge da crise, em 2009.
O caso da Argentina é emblemático. O saldo comercial de bens manufaturados brasileiros se deteriorou fortemente nos últimos dois anos, fruto das dificuldades enfrentadas pela economia argentina e pelas restrições às importações de produtos brasileiros – conforme pode ser visto no gráfico 3.
Sem dúvidas, há questões internas que estão influenciando a taxa de crescimento do PIB. No entanto, diante da conjuntura internacional desfavorável, é difícil refutar a tese de que o baixo dinamismo econômico internacional tem exercido um papel fundamental na desaceleração recente do crescimento brasileiro.
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