Além de ampliar linhas de crédito, instituições como Banco do Brasil, Caixa, BNB e Basa mantêm espaços que podem constituir rede bastante capilar de difusão de obras e manifestações artísticas
“Os bancos públicos existem para isto: financiar a evolução deste país.”
A afirmação é do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, feita quando ainda era candidato, em uma das entrevistas de maior repercussão do período eleitoral, concedida ao podcast Flow.
Nesse momento da conversa, repetido no horário eleitoral do rádio e da televisão, Lula explicava sua proposta de fomentar a economia criativa. Ideias, projetos, sonhos teriam linhas de crédito para sair do papel. “Vamos explorar a criatividade do povo brasileiro”, disse Lula.
“Mas, de onde virá o dinheiro?”, perguntou, como é de praxe, o apresentador, Igor Rodrigues Coelho. “Dos bancos públicos!”, de pronto exclamou Lula, citando que BNDES, Banco do Brasil, Caixa, Banco do Nordeste (BNB), Banco da Amazônia (Basa) devem servir ao desenvolvimento do Brasil.
Servir ao desenvolvimento do Brasil com linhas de crédito à agricultura familiar, à indústria, comércio e serviço. E à cultura também, incluindo nesse setor o que se convencionou denominar “economia criativa”.
A geração de empregos passa por atividades assim, argumentou o então candidato, comparando como o mundo do trabalho é bem diferente de quando Lula surgiu como líder sindical, mais de 40 anos atrás.
Bom, a julgar pelo que foram os dois governos de Lula, e o de Dilma Rousseff, é de se esperar sim uma revigorada no setor cultural. O que inclui um papel decisivo dos bancos públicos nessa área.
Além de financiar a produção artística – financiar é a função primordial de um banco -, essas instituições também podem voltar a funcionar como pontos importantes de difusão e circulação de obras e espetáculos.
Todos esses bancos citados (BNDES, Banco do Brasil, Caixa, BNB, Basa) mantêm espaços e centros culturais em diversas cidades do Brasil. É verdade que ainda muito concentrados em capitais, embora haja exceções importantes – como os centros culturais do BNB em Sousa, na Paraíba, e em Juazeiro do Norte, no Ceará.
Já desde o golpe de 2016, mas principalmente depois que o atual governo se apossou, esses espaços foram sendo esvaziados. Resistem ainda com programação diversificada e importante graças à abnegação dos quadros de tais instituições, e muito também pela articulação e mobilização da classe artística.
Os centros culturais do Banco do Brasil, Caixa, BNB, Basa; da Petrobras, Correios, Codevasf; e das universidades e outras instituições públicas podem constituir rede bastante capilar para exposições, espetáculos, shows musicais, encenações teatrais e exibições de filmes, principalmente das obras feitas por artistas locais e companhias e coletivos independentes. São, portanto, instrumento fundamental.
Wagner de Alcântara Aragão é jornalista e professor. Mestre em estudos de linguagens. Licenciado em geografia. Bacharel em comunicação. Mantém e edita a Rede Macuco.
Crédito da foto da página inicial: Wagner de Alcântara Aragão (Espaço Cultural do Banco do Nordeste em Fortaleza).
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