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Os dois maiores erros de política econômica da gestão Dilma

As análises ex post são sempre mais fáceis de serem realizadas se comparadas com análises da política econômica no momento em que estas estão sendo executadas. Contudo, é importante fazer um exercício de apontar os erros das políticas realizadas pelas diferentes equipes econômicas durante os dois mandatos da presidente eleita Dilma Rousseff.

O primeiro grande erro da presidente, no primeiro mandato, foi a escolha de conselheiros de política fiscal, com Arno Augustin sendo mais importante que Nelson Barbosa durante o ano de 2012, quando este era secretário no Ministério da Fazenda. O segundo grande erro foi a escolha de Joaquim Levy para assumir a pasta da Fazenda no início do segundo mandato. Esses dois erros não apenas contribuíram para a crise no Brasil como foram impulsionadores da quebra de constitucionalidade por meio de um impedimento duvidoso.

A crise financeira internacional, que foi iniciada em 2007/08, atingiu o Brasil em 2009. Nesse período, o secretário do Ministério da Fazenda era o Nelson Barbosa, doutor em economia pela New School em Nova York. O que se sabe de bastidores é que o Barbosa havia sugerido a política de redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), e o resultado dessa política foi o crescimento de 7,5% do PIB em 2010. O segundo impacto importante da crise financeira internacional foi em 2012. Nessa época, a presidente Dilma já estava seguindo os conselhos de Augustin, e Barbosa havia perdido espaço no governo.

Era claro o constrangimento de Barbosa quando perguntado sobre a contabilidade criativa (que ajudou a minar a credibilidade do governo na época). Nesse segundo impacto da crise financeira internacional, o trio Augustin/Mantega/Holland decidiu, com o apoio da Dilma, reduzir novamente o IPI, na tentativa de manter a demanda agregada. Nesse período, Barbosa deixou o governo, a perda de espaço foi insustentável.

Cabe ressaltar que essa foi uma decisão da presidente, e a responsabilidade por isso cabe apenas a ela. O problema de reduzir o IPI novamente nessa segunda fase da crise internacional foi que as firmas apenas aumentaram a margem de lucro, com baixo impacto sobre os preços dos produtos. Ademais, os consumidores já passaram 2009/10 e 2011 trocando eletrodomésticos e, é claro, não iriam voltar a consumir. A redução do IPI apenas aumentou as margens de lucros das empresas.

O segundo grande erro da presidente tem nome: Joaquim Levy. Com a crise brasileira se aprofundando, em parte por conta de escolhas da presidente, ela convoca Levy como ministro da Fazenda que, em poucos meses, cortou certa de R$ 30 bilhões em investimentos. Com a economia dando sinais de desaquecimento, esse corte jogou a demanda agregada para baixo, o que resultou no aumento do déficit primário e a pressão sobre o governo aumentou.

Somando-se a isso, a presidente iniciou a discussão sobre a reforma da Previdência. Tudo isso fez com que ela perdesse a base social que a elegeu. Grande parte dos economistas concorda que algum ajuste fiscal era necessário, dado que aumentos demasiados na relação dívida/PIB poderiam reduzir a nota do Brasil pelas agências de risco internacional, o que impactaria na desvalorização da taxa de câmbio e, consequentemente, na inflação. Contudo, isso não significava que o ajuste deveria ser feito em grande velocidade.

Em suma, uma política fiscal equivocada no segundo momento da crise financeira internacional, em que deveriam ter sido realizados investimentos em infraestrutura, levou à redução do IPI, o que não surtiu efeito sobre o crescimento econômico. Somando-se a outra política equivocada, a de ajuste fiscal, o resultado foi o aprofundamento da crise brasileira com um final trágico para a presidente eleita, que sofre o impedimento.

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