Muito se fala da inflação no País, mas o poder de compra do brasileiro está melhorando ou piorando?
A análise da evolução do salário mínimo e da cesta básica mostra que, segundo estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo da cesta básica em relação ao salário mínimo vem caindo acentuadamente nos últimos anos, em valores relativos e em horas de trabalho necessárias para adquiri-la, como mostra o gráfico abaixo para anos selecionados.
A cesta básica nacional, definida pelo Decreto-Lei 399/1938, seria suficiente para o sustento e bem-estar de um trabalhador em idade adulta por um mês.
Os bens e quantidades estipuladas são diferenciadas por região e estão disponíveis AQUI.
Em todas as capitais observadas (Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Vitória, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Belém, Fortaleza, João Pessoa e Natal), a quantidade de horas de trabalho necessárias para comprar a cesta básica caiu.
Por razões de visualização, construímos um gráfico com somente algumas cidades, uma de cada região geográfica do País.
Ainda que o preço das mercadorias que compõem a cesta básica varie de uma capital a outra, em todas houve queda expressiva. Por exemplo, se em 2002 em Fortaleza (CE) era necessário trabalhar cerca de 165 horas para comprar a cesta básica, em 2010 foram necessárias somente 76 horas, menos da metade da quantidade de horas, uma queda muito considerável.
Tal movimento mostra que o aumento do salário mínimo tem sido extremamente benéfico para o aumento do poder de consumo das famílias, especialmente as de menor renda. E que a diminuição da quantidade de horas para adquirir bens essenciais pode permitir mudanças no consumo das famílias.
Assim, faz-se necessária a continuidade do crescimento sustentado do salário mínimo, de maneira a manter o crescimento do poder de compra da população que dele depende, repartir ganhos de produtividade e diminuir diferenciais de rendimento no mercado de trabalho.
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