O governo tem sido duramente criticado por manter o preço da gasolina abaixo das cotações do derivado do petróleo no mercado internacional.
É conhecido o fato de que a Petrobras tem como política estabelecer o preço dos seus produtos de acordo com a tendência de longo prazo dos preços do petróleo e derivados no mercado internacional.
O gráfico abaixo ilustra tal preço (em reais) e o IPA-DI de derivados do petróleo, captando os preços brasileiros.
Dois aspectos são notáveis. O primeiro é que os preços dos derivados no Brasil têm seguido rigorosamente, desde 2003, a tendência do preço (convertido para reais) do petróleo no mercado internacional.
Em alguns momentos, como de julho de 2004 a setembro de 2008, os preços internos cresceram menos do que os preços em real do petróleo, com um breve interregno em meados de 2006.
Isso significa que naquele momento havia defasagem no preço dos combustíveis, ou seja, que a Petrobras deveria cobrar mais caro pela gasolina e demais derivados se quisesse maximizar seu lucro momentâneo.
Em outros, como após a crise de 2008, o preço do combustível não caiu tanto quanto o preço do combustível fóssil no mercado internacional. De fato, de setembro de 2008 até meados de 2013, os preços poderiam ter sido menores se a Petrobras vinculasse os reajustes do combustível aos preços externos.
Como há movimento para os dois lados, de desalinhamento para mais e para menos, o lucro da estatal não é prejudicado no longo prazo, pois os movimentos tendem a se compensar.
O segundo aspecto é que, atuando dessa forma, a empresa consegue reduzir substancialmente a volatilidade dos preços de combustível no País, sem prejudicar seu lucro de longo prazo. Isso contribui para uma menor variabilidade da taxa de inflação, bem como para a redução das incertezas de setores ligados ao transporte.
De fato, o Valor Econômico do dia 15/10/2014 noticia (AQUI), na capa do jornal impresso, que a queda recente dos preços do petróleo no mercado internacional (ver gráfico abaixo) puseram fim à defasagem da gasolina. A situação não está mais desfavorável à Petrobras.
Portanto, as recorrentes críticas à defasagem no preço dos derivados do petróleo no Brasil não fazem sentido quando consideramos que a política de preços da Petrobras é de longo prazo.
Tal crítica só se justificaria se observasse que a empresa está se desviando da trajetória de longo prazo dos preços internacionais consistentemente. E não é este o caso.
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