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O enxugamento do crédito internacional e o papel dos bancos públicos

Em 2008, o sistema financeiro internacional entrou em colapso devido ao excesso de alavancagem dos bancos denominados principalmente em dólares. Na Figura 1 pode-se perceber o esforço realizado pelo sistema financeiro anglo-saxão para a redução dos estoques de dívidas em aberto desde então.


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A maciça destruição de passivos bancários desde 2008 foi compensada, ao menos em parte, com a tomada, por parte dos bancos anglo-saxões, de títulos públicos com diferentes maturidades. Na medida em que os Estados intervieram com injeções de liquidez no pós-2008, as dívidas públicas resultantes na Europa e na periferia dos EUA foram absorvidas de maneira mais ou menos ilimitada pelos Governos.

No momento seguinte, tornaram-se imperativo para os bancos políticas de ajuste fiscal, ao menos fora dos EUA. A contração monetária e fiscal geraria excedentes públicos que colaborariam para a redução do endividamento total do sistema financeiro internacional.

Conforme se pode perceber na Figura 1, o esforço fiscal, principalmente na Europa e na periferia estadunidense, tem sido incompleto, atrasando-se a adequação dos bancos às regras prudenciais dos Acordos de Basileia I e II.

Uma vez que a parcela de ativos bancários dedicados a suportar o endividamento público não apresenta perspectiva de rápida redução no curto prazo, coube aos demais componentes privados o ajuste. Com isso, não apenas famílias tiveram limites de crédito revistos, mas principalmente firmas e instituições financeiras (Figura 2).


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O crédito conferido por instituições financeiras denominadas em dólares para outras instituições financeiras, com a finalidade de repasses em moedas domésticas, foi no passado recente tão maior quanto mais ampliado o diferencial dos juros locais.

Acesso a linhas de endividamento externo, com baixíssimos custos em dólares, permitiu a expansão do crédito nos diferentes sistemas financeiros nacionais. Na Figura 3, percebe-se a escalada dos repasses em Reais para empresas brasileiras, a partir de dívidas contraídas em dólares nos últimos anos.


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Observando-se a Figura 4, pode-se inferir que boa parte dos recursos provenientes de repasses de linhas externas foi realizada em prazos mais longos, o que permitiu aos bancos em Reais estender benefícios para firmas e famílias.


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No entanto, desde a eclosão da crise política no Brasil, ao longo de 2015, os bancos localizados no Brasil passaram a destruir patrimônio. Este movimento teve como causa o aumento da incerteza no ambiente interno, mas também o esforço de redução de alavancagem pelos bancos internacionais.

De uma maneira ou de outra, entre dezembro de 2015 e abril de 2017 foram cerca de R$ 200 bilhões subtraídos de famílias e empresas na forma de crédito não renovado. Esta contração, verificada simultaneamente ao ajuste fiscal, tem produzido aumento extraordinário no número de famílias e empresas inadimplentes.

Este fenômeno tem levado a política monetária brasileira ao afrouxamento, o que atenderia não ao combate à inflação, mas a necessidade dos bancos em suportar o surto de inadimplemento em contexto de destruição de crédito e empregos.

Considerando-se que os bancos privados encontram-se pressionados por inadimplemento financeiro e diminuição de linhas externas para repasses, não parece restar outro instrumento ao Brasil que impulsionar os bancos públicos – CEF, BB e BNDES na direção de ampliação do crédito para capital de giro. Empresas e empregos no Brasil dependem disso bem mais que o sucesso das ditas reformas estruturais.

Crédito da foto da página inicial: Washington Santos/Divulgação

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