A expressão “anão diplomático”, usada por um representante do Governo de Israel para referir-se ao Brasil, é uma caracterização muito mais aplicável a um país que, ao contrário do nosso, despreza sistematicamente a via da negociação para concentrar-se no emprego da força bruta do que a um país que, como o nosso, destaca-se na comunidade internacional pela defesa da paz, da justiça e do entendimento, que respeita a diversidade étnica e que pratica a democracia religiosa.
O caráter tosco dessa afirmação revela a desimportância atribuída por seu autor, representante do Governo de Israel, aos preceitos, às normas e aos objetivos da diplomacia.
O Governo do Brasil disse que a ação do Governo de Israel em Gaza, área em que estão concentrados quase dois milhões de palestinos que dela não podem sair, é desproporcional. O confronto entre o número de mortos de ambos os lados deixa claro esse aspecto: até ontem, 25 de julho, mais de oitocentos palestinos e mais de trinta israelenses.
Como a Palestina não tem Forças Armadas, praticamente todos os mortos do lado palestino são milicianos e civis, havendo entre estes grande número de mulheres e crianças. Os civis israelenses mortos, segundo os mesmos dados, são três. A desproporção é, na melhor hipótese, de vinte para um. A desproporção em termos de armamento é muito maior. O Brasil não errou nem exagerou nas palavras empregadas.
Enquanto funcionários da ONU tentavam evacuar centenas de civis palestinos que haviam buscado abrigo em uma escola administrada pela própria ONU, o Governo de Israel bombardeou o prédio, matando 15 pessoas e ferindo cerca de duzentas.
Quem tem memória lembra-se de que em ação militar anterior do Governo de Israel contra Gaza, igualmente caracterizada pelo emprego desproporcional da força, também foi bombardeada uma escola da ONU, com grande número de mortos civis, inclusive mulheres e crianças.
O Secretário Geral da ONU, segundo a imprensa de ontem, “mostrou-se horrorizado com o ataque” e acrescentou ao final: “Condeno fortemente esse ato”. Segundo a UNICEF, 116 centros de ensino de Gaza foram atingidos por fogo israelense desde o início da operação atual.
Não é só o Brasil que vê essas coisas com preocupação. Somos contra o uso da força, sobretudo contra o uso de força desproporcional, como tem feito o Governo de Israel, e somos a favor da busca da paz e do entendimento, como não tem feito o Governo de Israel.
É o mundo inteiro que se preocupa com esse tipo de situação, com o prolongamento indefinido deste conflito e com o exemplo sistemático da preferência pelo emprego da força em detrimento da busca de soluções através da ação diplomática pacífica e respeitosa do Direito Internacional, também chamado Direito das Gentes.
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