Publicado em O Cafezinho em 9-8-2017
Quero lembrar, mais uma vez, a palestra proferida por Sergio Moro, em agosto de 2015, para um bando de executivos que pagaram R$ 1.800,00 para ouvi-lo falar sobre… refinarias de petróleo.
Ele afirmava que a refinaria Abreu e Lima, assim como outras obras similares, era muito onerosa. Moro conta que os “colaboradores” lhe haviam dito que a informação que corria nos corredores da Petrobras é que a refinaria “não se pagava”.
Esqueçam estudos e estatísticas. O que vale é o que Sergio Moro ouviu de um “colaborador” da Lava Jato.
Bem, vamos às estatísticas.
Os Estados Unidos voltaram a ser, nos últimos anos, os principais exportadores mundiais de petróleo refinado. As guerras no Oriente Médio, que deu às suas refinarias o controle de vastas reservas, certamente foi o fato determinante para isso.
Como todo grande exportador de manufaturados, os EUA precisam de mercados em expansão. E o seu principal mercado, além de México e Canadá, que integram o bloco comercial liderado pelos próprios EUA, é o Brasil.
De 2010 a 2014, as exportações americanas de derivados de petróleo (Petroleum products) dobraram: passaram de US$ 61 bilhões em 2010 para US$ 120 bilhões em 2013 e US$ 119 bilhões em 2014, segundo o governo americano.
Em apenas cinco anos, de 2010 a 2014, as exportações de derivados de petróleo dos EUA geraram US$ 512 bilhões em divisas, o que daria, em reais, algo perto de 1,8 trilhão.
E pensar que, na opinião de Sergio Moro, a refinaria de Abreu e Lima “não se pagava”…
O cineasta Fernando Meirelles, um dos que abraçaram a campanha em favor da Lava Jato e contra Dilma, disse outro dia que o pré-sal não valia mais nada… Bem, alguém avisa para ele que o petróleo refinado é hoje o principal produto de exportação dos Estados Unidos.
Segundo dados do Banco Mundial, a participação do item “fuel”, ou seja, de óleo diesel, gasolina e similares, na exportação total dos EUA, saiu de menos de 2% no início dos anos 2000 para mais de 11% em 2014.
O aumento da produção de derivados nas refinarias norte-americanas, como a de Pasadena, e tanto a sua exportação quanto sua venda para o mercado interno, foi fundamental para que os EUA reduzissem o seu enorme déficit no setor de energia. Observe como suas exportações de energia crescem enquanto suas importações caem.
Esses dados ajudam a explicar o golpe no Brasil. Os EUA financiaram, política e financeiramente, a Lava Jato, para que esta destruísse o setor de refino e infraestrutura da indústria brasileira do petróleo. Com isso, o Brasil não oferece mais risco de ser um exportador de derivados de petróleo, concorrendo com as empresas norte-americanas.
Além disso, com o cancelamento, desativação, suspensão, das nossas refinarias, o Brasil passou a comprar quantidades crescentes de óleo diesel, gasolina e demais derivados, dos Estados Unidos.
Segundo o site World Exports, no item petróleo refinado (que é diferente de Petroleum products, que inclui uma gama mais vasta de derivados), os EUA figuram como os maiores exportadores mundiais. Em 2016, os EUA exportaram US$ 64 bilhões de petróleo refinado, ou 13% do total mundial.
Em segundo lugar vem a Rússia, que exportou US$ 46 bilhões em petróleo refinado.
Crédito da foto da página inicial: Guga Matos/JC
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