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Economia da Unicamp pela legalidade

Na última reunião da Congregação do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), instância representativa do Instituto de Economia, foi aprovada uma Moção em defesa da legalidade e da democracia. Tal Moção foi proposta pela representação discente de estudantes da pós-graduação e aprovada pela Congregação.

A Moção aponta que “a Congregação do Instituto de Economia da Unicamp se posiciona a favor da manutenção da democracia e da legalidade no país. Independente do posicionamento diante do atual governo, as conquistas democráticas devem ser fortalecidas e renovadas, e os ritos constitucionais devem ser respeitados.”

Confira a seguir a Moção na íntegra:

Moção para a legalidade – 31/03/2016

Congregação do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas

O Brasil vive uma crise política e econômica. Tal crise se insere em um contexto mais amplo de enfraquecimento do Estado, crise do capitalismo e recessão econômica no Brasil nos anos recentes. Além disso, a política econômica adotada nos últimos anos contribuiu para que o quadro fosse agravado, somando-se também às parcas ações no campo das reformas para a superação de problemas estruturais do seu subdesenvolvimento (como a agrária, urbana, tributária e política).

Consideramos que não é possível dissociar a economia da política, tal como mostra a tradição do Instituto de Economia da Unicamp. A crise política tem tido sérios impactos na economia brasileira, fazendo com que seja ainda mais difícil enfrentar os problemas relacionados ao crescimento e fomentar um debate construtivo para as mudanças da política econômica e social do país.

Tal situação tornou-se mais drástica a partir da possibilidade de impeachment, cuja legalidade tem sido fortemente criticada por parcela relevante dos especialistas e juristas brasileiros. Reconhecemos a importância do combate à corrupção em todas as esferas. Ao mesmo tempo, é fundamental que sejam assegurados os direitos de todos os cidadãos e o convívio respeitoso entre diferentes. A defesa intransigente da democracia é parte da tradição do Instituto de Economia da UNICAMP, o que implica não só a garantia de direitos, mas o apoio ativo à prática da convivência tolerante de opiniões divergentes.

É imprescindível que sejam levadas a diante as investigações de todos os escândalos de corrupção no país, sem seletividade. Também apontamos a necessidade de que seja minimizado o impacto das mesmas investigações sobre a economia brasileira.

Tem ocorrido um processo de judicialização da política de enorme seletividade e que coloca em risco as instituições. Também se mostra fundamental avançar na democratização dos meios de comunicação, que mostram a mesma seletividade no trato dos problemas nacionais.

Ainda, dado o panorama, a ameaça ao rompimento da legalidade com o processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff em curso na Câmara dos Deputados traz consigo o risco da adoção de uma agenda de retrocesso social, com a flexibilização de direitos trabalhistas, corte de programas sociais e outras medidas que podem colocar em risco o acesso aos direitos sociais garantidos no capítulo II da Constituição Federal de 1988. Especificamente no campo da educação é preocupante a possibilidade de ampliação da privatização, em especial do Ensino Superior, que muito avançou em investimento público e inclusão da população negra e de renda baixa nos últimos anos.

Por tudo isso, a Congregação do Instituto de Economia da Unicamp se posiciona a favor da manutenção da democracia e da legalidade no país. Independente do posicionamento diante do atual governo, as conquistas democráticas devem ser fortalecidas e renovadas, e os ritos constitucionais devem ser respeitados.

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