Diante da implosão do Temer, o Brasil está diante de duas alternativas: ou restauração democrática ou desobediência civil.
A gravação da conversa em que o usurpador Michel Temer compra o silêncio do comparsa de golpe e sócio de corrupção, o presidiário Eduardo Cunha, enterra em definitivo a cleptocracia golpista, e abre uma perturbadora incógnita na conjuntura nacional.
A trajetória do golpe e do regime de exceção sofre um abalo irreversível, com um poder destrutivo devastador.
O acontecimento é uma evidência incontestável da degradação do sistema judiciário brasileiro, que levou o país ao nocaute atacando seletivamente os petistas, ao mesmo tempo em que permitiu o assalto ao Poder por uma bandidagem política.
Os donos da empresa JBS, que gravaram a conversa incriminadora do Temer, também gravaram o pedido de R$ 2 milhões feito por Aécio Neves, o canalha que repetiu em 2014 o papel conspirativo desempenhado por Carlos Lacerda em 1954, que levou ao suicídio de Getúlio Vargas e interrompeu uma rica etapa de desenvolvimento nacional soberano.
No caso do Aécio, o divulgado tem agravantes: a PF filmou o momento em que o dinheiro de corrupção cobrado por Aécio foi entregue a um primo dele e, mais grave: a PF rastreou o dinheiro, e descobriu que o mesmo foi depositado numa empresa do também Senador tucano Zezé Perrella, o dono do helicóptero carregado de 450 kg que desapareceu da realidade, dos inquéritos da PF, das investigações do MP e do noticiário da mídia golpista.
Este escândalo, que erode os pilares do golpe – a camarilha de Temer e o PSDB – não somente encerra o governo golpista, mas põe fim à empreitada golpista e ao regime de exceção.
Qualquer decisão que não seja a pronta restauração do Estado de Direito e da democracia no Brasil deverá ser respondida com a desobediência civil aberta, com a radicalização da luta democrática e com o desconhecimento de qualquer saída que não seja a de convocação de eleições diretas imediatamente.
Ou democracia ou desobediência civil! Diretas já ou desobediência civil!
*Jeferson Miola é integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
Crédito da foto da página inicial: Paulo Pinto/Agência PT
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