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Das Kapital und Politik

Publicado em Instituto Humanitas Unisinos em 2-12-2014


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As notícias sobre a crise na Petrobras e os casos de corrupções vinculados aos partidos políticos têm causado perplexidade e inúmeras manifestações de indignação, algumas mais racionalizadas, outras nem tanto, algumas mais plurais, outras mais seletivas. Enfim, percebe-se que, a partir de alguns discursos, este caso de pagamento de propina/corrupção é inédito na história do país. Ledo engano. Há que se considerar as relações incestuosas promíscuas.

Os jornalistas têm escrito e refletido sobre as prisões dos executivos das empreiteiras vinculadas aos pagamentos de propina. Tem-se discutido sobre o risco do “Brasil parar” caso sejam comprovadas estas acusações, pois estas empresas dominam a totalidade das obras vinculadas ao Governo Federal e Governos Estaduais.

Outra preocupação, como fora exposta na rádio CBN, é dessas empresas serem taxadas de “inidôneas” e, com isso, não serem mais aptas a receberem incentivos públicos, não concorrerem a licitações e não conseguir financiamentos, como a empresa Delta, que logo declarou “falência”. Diante disto, os jornalistas pedem “sensibilidade política”, outros têm dito que, havendo a devolução do dinheiro ganho de forma ilícita, não se deveria imputar condenação e deixar seguir.

Perguntas que ficam no ar: os empresários são corruptos, corruptores ou corruptíveis? Os políticos e funcionários de carreira das estatais são corruptos, corruptores ou corruptíveis? O sistema (econômico capitalista e político pseudodemocrático) é corrupto, corruptor ou corruptível? E o que dizer do mercado de livre comércio tão defendido pelos (neo)liberais?

O atual caso da Petrobras tem feito algo muito simples, tem trazido à luz a relação incestuosa entre o Capital e a Política, fato que para a perspectiva Crítica não é novidade alguma, muito pelo contrário, é fato denunciado desde meados do século XVIII e que ganhou muito mais corpo no XIX a partir das teorias marxistas, e por sinal, é um dos motivos da demonização desta teoria e de seus estudiosos.

Em 1848, Marx e Engels afirmaram que o “Estado é o comitê que gere os interesses da burguesia”, evidenciando assim que desde aquele período esta relação incestuosa era analisada, demonstrada e denunciada.

Diante disto, devemos questionar se a política é economicamente determinada ou se a economia é politicamente determinada e quais os resultados destas relações para a sociedade em geral. Isto nos leva a questionar sobre a ideia de poder. Conceito amplamente falado e tão repetido durante a campanha eleitoral, afirmando que o PT estaria no poder por 12 anos. Nada mais equivocado!

O PT está sim há 12 anos no governo, mas não no poder, pois quem está no poder continua sendo o Grande Capital, os grandes empresários que controlam o capital produtivo e financeiro especulativo nacional e internacional e, assim, determinando os rumos da política institucional.

A partir de algumas revelações à Polícia Federal, os executivos presos afirmam que o esquema de propina vinculado à Petrobras existe há pelo menos 15 anos (PSDB, PT) . No pequeno município de São Jerônimo da Serra-PR, o prefeito (PSDB), sua família e vários empresários da cidade foram presos e estão sendo investigados pelo desvio de verbas públicas, foram tantos outros casos que não são ou não foram denunciados.

Isto significa que independentemente de partido político que esteja no governo, os atos de corrupção em esferas dos setores públicos vinculados aos interesses da manutenção do lucro do Grande Capital são permanentes. Outra afirmação que podemos fazer é que independentemente do partido político o Grande Capital permanece sugando o dinheiro público de alguma maneira, além do suor dos trabalhadores. Logo, voltamos a questionar: Quem está no poder? Quem tem poder? Quem domina a política, os políticos e outras esferas dos setores públicos e privados?

Uma conclusão a que podemos chegar é que enquanto o Mercado, o Capital e os interesses de uma minoria econômica forem prevalecentes o incesto promíscuo permanecerá e não adiantará nada a sociedade fazer-se de desentendida hipocritamente e demonizar alguns em detrimento de outros a partir de uma análise míope e particularista.

Os atos de apropriação particular do que é público permanecerá e favorecerá sempre os mesmos, a mesma classe econômica hegemônica. E os brasileiros trabalhadores pobres? Pagando a conta com seu trabalho e impostos e tendo de gritar para ter o mínimo de direitos políticos e civis. O problema, portanto, não é o indivíduo, mas sim o sistema, o modelo de sociedade que aceitamos viver passivamente.

Edson Elias de Morais é professor de sociologia, mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina, graduação em Ciências Sociais-UEL e Bacharel em Teologia-Faculdade Teológica Sul Americana.

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