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‘Consultório na Rua’, dez anos, e a urgência de ampliação do programa

Uma reportagem recente da Revista Radis, da Fundação Oswaldo Cruz, faz a gente mergulhar na rotina das equipes do ‘Consultório na Rua’, do Sistema Único de Saúde (SUS) que completa dez anos em 2021. Faz, também, a gente ter esta reivindicação em pauta: a ampliação do programa.

De acordo com a matéria, assinada por Ana Cláudia Peres e com registros fotográficos de Daniel de Souza, o ‘Consultório na Rua’ conta com 158 equipes em todo o Brasil. Como temos, no país, 5.568 municípios, não carece de calculadora para constatar que o número é pequeno, ínfimo. Contudo, onde consegue alcançar, o programa é de importância sem igual.

A reportagem destaca que o ‘Consultório na Rua’ não se restringe a assistência social ou a ações voltadas à saúde mental. Não. Trata-se de atenção básica completa. Também não se limita à chamada busca ativa, ou seja, fazer encaminhamento para as unidades de saúde. Tampouco a fazer visitas sazonais. Não.

As equipes do ‘Consultório na Rua’ atuam como unidades avançadas, em campo. Têm sido fundamentais, por exemplo, para levar vacina contra a covid-19 aos moradores de rua. Quebrar resistência inicial, adquirir a confiança e manter vínculo, de modo que tratamentos possam ser acompanhados e mantidos, estão entre os principais desafios do trabalho cotidiano.

O êxito dessa política pública começa a ser comprovado pela ciência. Uma pesquisa feita pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, da Fiocruz, confirma a abrangência do programa, para além da saúde mental ou combate às drogas, como superficialmente o ‘Consultório na Rua’ é entendido. Intitulado ‘Análise das Práticas das Equipes de Consultório na Rua no Município do Rio de Janeiro’, o estudo foi coordenado pelas pesquisadoras Elyne Engstron e Mirna Teixeira.

O ‘Consultório na Rua’ atende à população sem teto no tratamento da diabetes, hipertensão, tuberculose, HIV/aids, hanseníase, câncer; promove pré-natal e saúde bucal, entre outros acompanhamentos. “O Consultório na Rua é um caminho, pela via do SUS, para o reconhecimento de direitos e o acesso ao cuidado e à cidadania para essa população”, afirmaram as pesquisadoras, à reportagem.

Com o aumento da miséria, consequência sobretudo da combinação política econômica de exclusão e retirada de direitos em curso desde o golpe de 2016, explodiu a população sem teto e a presença das equipes do ‘Consultório na Rua’ se faz ainda mais imprescindível. A ampliação do programa depende de uma série de fatores – entre eles termos um governo de fato comprometido com as agruras do povo.

Teremos, daqui a menos de um ano, eleições para o Legislativo e o Executivo, em âmbito estadual e nacional. Quantos dos que se colocam desde já como candidatos conhecem o programa e, mais que isso, estão dispostos a lutar pela sua expansão? Quantos se comprometem a defender a revogação do congelamento dos investimentos públicos (a falácia do “teto de gastos”), para que tenhamos dinheiro do povo destinado ao Consultório na Rua, e não ao pagamento de juros para o mercado financeiro? Respostas a perguntas como essas sinalizam com quem poderemos contar.

Em tempo: a reportagem da Radis pode ser conferida neste link: https://radis.ensp.fiocruz.br/index.php/todas-as-edicoes/229.

Crédito da foto da página inicial: Daniel de Souza/Fiocruz (atendimento de equipe do ‘Consultório na Rua’ no Rio de Janeiro).

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