Publicado no Luis Nassif Online em 9-12-2014
Até os anos 90, o PT foi um partido que, na oposição, jogava exclusivamente no negativismo. Foi contra assinar a Constituição, insurgiu-se contra o Plano Real, resistiu contra a desburocratização da economia e montou uma exercício continuado de disseminação de dossiês.
Naqueles tempos, o PSDB despontava como o lado racional, supostamente um partido de técnicos, intelectuais, com visão social democrata, tão contra o dogmatismo que, quando Fernando Collor abriu as portas de seu governo, o então senador Fernando Henrique Cardoso e o deputado José Serra entraram em desabalada carreira porta a dentro. Foi preciso um safanão do então governador Mário Covas para conter seu ímpeto.
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Quando o PT tornou-se poder, imaginou-se que finalmente o país caminharia para o aperfeiçoamento democrático. Como poder, o PT deixaria de lado o estilo carbonário. E, já tendo sido poder, o PSDB montaria uma oposição de peso, sem resvalar para a busca da desestabilização política – como ambos os partidos fizeram no impeachment de Collor.
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O que se passa hoje no jogo político tucano – especialmente com FHC e Serra – é a reedição da irresponsabilidade petista. Com a diferença que o PT praticou o estilo carbonário na infância; e FHC e Serra exercitam na decrepitude.
Passada a guerra eleitoral, há um enorme desafio econômico pela frente, demandando bom senso, equipe econômica de peso, pacificação das guerras políticas no interesse de todos.
Em países maduros, o governo empreenderia as mudanças de rumo e a oposição permaneceria crítica, apontando erros e apresentando-se como alternativa. Depois do período da graça – que todo governo recebe – voltar-se-ia à carga, mas sem visar a desestabilização política econômica.
O governo sendo ou não bem-sucedido, a partir do segundo ano a oposição já começaria a se preparar para a próxima campanha eleitoral, construindo candidaturas e propostas.
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Não é esta a intenção de FHC e José Serra.
Ambos estão empenhadíssimos no “terceiro turno”, visando a qualquer custo manter o clima de guerra e desestabilizar politicamente o país.
Em seu artigo semanal para o Estadão, FHC insiste na tese da ilegitimidade do governo. É a mesma levantada em 1964 para justificar as ilegalidades dos Atos Institucionais.
A eleição de Dilma foi legal, mas não foi legítima, buzina o ex-príncipe dos sociólogos brasileiros. A legalidade não nos defende do bolchevismo, bradavam os generais que assinaram o Ato Institucional número 1. Se somos a parte legítima – pensam ambos – temos que nos sobrepor à parte legal.
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É importante entender quem ganha ou quem perde com esse jogo.
Nem Serra nem FHC dependem do clima econômico para suas atividades. Portanto nada têm a perder com a desestruturação da economia, com a demora para a sua normalização. Pelo contrário, quanto mais desestabilizada a economia, mais fraco o governo, melhor para seus objetivos.
Perderão as empresas como um todo, o mercado, o emprego, pagando o óbolo da ambição de dois políticos que, até pela idade, nada mais têm a ambicionar, que não a revanche, a vingança.
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Há enorme dificuldade do cidadão comum em entender as implicações econômicas desses processos. Quando sobrevier o desemprego e a recessão, talvez caia a ficha.
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