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Cinema brasileiro, atrás e à frente das câmeras: menos negros e mulheres

Pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (IESP/UERJ) analisou os filmes de maior bilheteria do cinema brasileiro entre 2002 e 2012 e encontrou que 86,3% dos diretores desses filmes são homens e 13,7% são mulheres, enquanto 74% dos roteiristas são homens e 26% mulheres.

Quanto à cor, 97% dos diretores são brancos, 1% de cor amarela e somente 2% negros. A maioria dos roteiristas é branca (93%) e somente 4% dos roteiristas são negros.

Observa-se que a maioria dos diretores são homens brancos (84%) e a maioria dos roteiristas são homens brancos (68%). Não foram encontrados, por exemplo, diretoras ou roteiristas negras.

A cruzamento das variáveis gênero e cor para diretores e roteiristas levam aos dados abaixo:


grafico cinema raça e genero

Entre os atores, 41% são mulheres e 59% homens, mas o estudo pondera que a presença feminina não significa que nos filmes as mulheres estejam isentas de representar estereótipos de gênero.

Quanto à cor, 80% são brancos e 20% negros. As mulheres negras representam somente 4% dos atores, seis vezes menor que o percentual das mulheres brancas e os homens negros representam 14% do total dos atores, cerca de três vezes menos que os homens brancos.

Ao levar em consideração que 22% dos brasileiros são do sexo masculino e de cor branca, 26% do sexo masculino e de cor parda ou preta, 24% do sexo feminino e de cor branca e 27% do sexo feminino e de cor preta ou parda, é visível a sub-representação de pessoas não brancas no cinema brasileiro, em especial mulheres. Assim, são legítimas as preocupações em relação à potencial internalização de valores de um grupo dominante na formação de identidades sociais e opiniões políticas.

É possível que a sub-representatividade seja ainda mais grave na televisão brasileira, fator que precisa ser também considerado para o estímulo a uma mídia mais plural.

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