Publicado no blog Pensar a Educação em 7-6-2016
Uma a uma vão se confirmando as sombrias previsões publicadas aqui no Blog há alguns dias. Depois dos descalabros tornados públicos nas últimas semanas – da afronta com a recepção ao Frota à articulação do ataque ao que há de democrático e avançado na Base Nacional Comum Curricular – agora, a bola da vez são os programas de pós-graduação.
Numa inusitada, mas não imprevisível manobra, a Direção da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) determinou dar um duro golpe nos grandes programas de pós-graduação, muito comuns na área de educação, ao reduzir drasticamente o financiamento às suas atividades de custeio – o conjunto das atividades que fazem o programa funcionar, desde a compra de papel até a realização de bancas. Ela assim procede ao determinar que o teto máximo de financiamento dos programas é equivalente a 70 doutorandos e 45 mestrandos.
Só para se ter uma ideia, veja o impacto disso no PPGE da UFMG, um dos 03 programas de nota 7 – maior atribuída a um Programa de Pós-Graduação pela avaliação da CAPES – na área de Educação: nesse programa a metodologia adotada pela CAPES para distribuição de recursos, que estabelece um número máximo de 70 doutorandos e 45 mestrandos por Programa, desconsidera 181 (72%) dos atuais 251 doutorandos e 92 (67%) dos atuais 137 mestrandos matriculados. Ou seja, inviabiliza o funcionamento de um dos melhores e mais tradicionais programas da área.
Diante disso, é fundamental que as instituições científicas e acadêmicas, os reitores das universidades brasileiras e os próprios coordenadores de pós-graduação se articulem e venham a público, pelo menos para denunciar mais este ataque a uma das instituições que, com todos os seus problemas, tem dado fundamental contribuição ao desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro: a pós-graduação. Destruí-la é, de fato, fazer nossas estruturas de pesquisas retrocederem décadas e ficarem numa posição da qual dificilmente as recuperaremos. Levamos 50 anos para construir o que temos hoje, e isso pode ser destruído nos próximos meses se não demonstrarmos vontade e capacidade de reação.
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