Não há alternativa! Esse é o lema para impor a austeridade aos trabalhadores desde que Margaret Thatcher o declamou na década de 1970, mas há alternativa sim, afirma Pedro Paulo Zahluth Bastos, organizador, com Luiz Gonzaga Belluzzo, do livro “Austeridade para quem? Balanço e Perspectivas do Governo Dilma Rousseff”, editado pela Carta Maior e pela Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES).
A publicação reúne artigos que apontam uma saída da crise voltada à retomada do desenvolvimento inclusivo, com justiça social, soberania nacional e eficiência produtiva. Você pode fazer o download do livro completo aqui: Austeridade para quem.
Em artigo na Carta Maior, Zahluth Bastos, professor associado (livre docente) do Instituto de Economia da Unicamp e ex-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), também colaborador do Brasil Debate, critica a decisão do governo de Dilma Rousseff de optar por “seguir a cartilha da oposição de direita e o jogral dos porta-vozes do mercado financeiro: a austeridade”.
Segundo ele, essa cartilha exige juros mais altos e maior destinação de impostos para o pagamento da dívida pública, ao invés de devolvê-los na forma de transferências sociais, serviços e investimentos públicos.
“O problema das contas públicas em 2014 foi gerado pela estagnação da economia e pelos subsídios públicos que não conseguiram estimular o gasto do setor privado. Se houve “gastança”, ela foi com isenções de impostos e contribuições trabalhistas para empresas que não reagiram como esperado e sim cortaram gastos, em parte por causa da própria desaceleração da demanda, em parte por causa das incertezas do processo eleitoral, em parte por causa da avalanche de importações provocada pela crise internacional”, escreve.
Continua: “A realidade da austeridade foi ainda pior do que imaginávamos. Ao contrário da massiva propaganda de economistas ortodoxos asseverando que a austeridade recuperaria a confiança empresarial supostamente prejudicada pelo aumento limitado da dívida pública até 2014, a confiança despencou à medida que a virada para a austeridade ampliou a incerteza e contraiu a demanda efetiva.”
E conclui, indagando: “Hoje, os maus conselheiros da austeridade garantem que a fada da credibilidade só vai operar milagres depois que o povo brasileiro aceite cortes permanentes de direitos sociais consagrados na Constituição Cidadã de 1988. Era esse seu objetivo inicial?”.
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