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Após 22º Enep, estudantes criam grupos de estudo de Marx

Logo após a realização do 22º Encontro Nacional de Economia Política, entre 30 de maio e 2 de junho, e-mails dos realizadores do encontro começaram a ser acionados por estudantes interessados em informações que os ajudassem a montar, em seus cursos, grupos para estudar Marx. “O interesse é muito grande, alunos de todo o Brasil nos escrevem  pedindo, por exemplo, sugestões de bibliografia, contatos dos professores, ementas de disciplinas”, conta Carolina Michelman, a Carol, de 20 anos, aluna de graduação de economia e diretora do Centro Acadêmico de Economia da Unicamp (Caeco).


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Ana Paula Guidolin e Carol Michelman, diretoras do Caeco. “Enep despertou interesse pelo marxismo”, diz Carol. Foto: Álvaro Micheletti


Segundo ela, que atuou, junto com outros líderes estudantis, na organização do encontro, o Enep provocou nos jovens participantes – cerca de 600 alunos, principalmente de economia, mas também de ciências sociais, relações internacionais, serviço social, entre outros cursos – o desejo de se aprofundar numa economia com uma visão mais crítica. “O evento causou um impacto e despertou para estudar Marx, mas eu vejo também que vem crescendo, de uns anos para cá, a vontade dos alunos não só de estudar como de se tornar agentes políticos, de ir para a prática”, afirma.

Carol, que é de Novo Horizonte, interior de São Paulo, arrisca uma explicação para essa politização que parece marcar sua geração: “Nós estamos pegando a nossa primeira crise, não sabemos como lidar, mas vamos procurar formas de lutar”.

De acordo com ela, dois episódios foram marcantes para mexer com a consciência política da garotada – tanto para a esquerda como para a direita, ressalta. São eles as ocupações das escolas de ensino médio da rede pública na virada de 2015 para 2016 e, num caso mais localizado, a greve de 2016 na Unicamp, que durou quase três meses. Essa greve mobilizou funcionários, professores e os próprios alunos – que somaram às questões salariais as reivindicações por mais moradias estudantis, cotas raciais, além do protesto contra cortes anunciados na instituição.

Como reflexo de toda essa mobilização – que incluiu a ocupação da reitoria pelos estudantes – as cotas raciais foram aprovadas. A decisão, numa feliz coincidência, foi anunciada durante a realização do Enep, no dia 30. O evento desse ano, além disso, foi marcado por uma participação maior dos alunos de graduação do que em edições anteriores.

Os representantes dos vários diretórios se reuniram para produzir uma carta dos próprios alunos, à parte o documento oficial do evento. Nela, eles se posicionam contra as reformas trabalhista e da previdência, a favor das “diretas já” e reivindicam “uma ciência mais plural e que reconheça ao quê e a quem serve nosso conhecimento”. Em outro trecho, analisam que “a árdua conjuntura econômica brasileira não se coloca isolada, mas se insere na esteira da crise capitalista mundial e desenha a restauração do neoliberalismo”, numa amostra de que aprenderam bem as lições da economia política.

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